Recado importante: esse texto expressa uma opinião pessoal, ou seja, não é um aconselhamento profissional e você não precisa concordar comigo! Boa leitura 🙂
Sabemos que a motivação e prontidão para mudar são fatores essenciais para que resultados sejam obtidos no tratamento nutricional. E quando o paciente não está motivado? Podemos motivá-lo a mudar?
É importante lembrar que ninguém é capaz de motivar o outro (1), já que a motivação é um aspecto intrínseco, o que o profissional pode fazer é encontrar estratégias para que o próprio indivíduo se motive. Como fazer isso? Falaremos disso daqui a pouco!
Recentemente eu li um livro que fala bastante sobre a forma que aprendemos a comer, e como podemos mudar nosso comportamento. Há um trecho bem interessante sobre o trabalho do nutricionista:
“Uma das nossas maiores ciladas (…) é a persuasão. Os que entram na profissão de nutricionista tendem, por razões muito boas, a desenvolver um forte desejo de mudar os outros (…) os seres humanos não respondem diante de ordens, sobretudo quando se trata de algo tão pessoal quanto o que colocar na boca”. Bee Wilson
Muitas vezes, caímos na cilada de querer mudar o outro, e na melhor das intenções, o enchemos de “conselhos”. Ao achar que “conhecimento” basta, podemos deixar de considerar fatores muito importantes.
O que também podemos fazer?
- Entrevista motivacional: essa é uma forma de conduta terapêutica que permite que o nutricionista seja facilitador de um processo de mudança. Não são realizadas imposições, há responsabilidade de ambas as partes no tratamento, e planejamento em conjunto de ações comprometidas;
- Educação nutricional: quem não gosta de entender mais sobre o que acontece com o próprio corpo? É importante que, de forma simples, processos fisiológicos sejam esclarecidos. Essa prática pode até mesmo instigar o paciente/cliente a realizar o que está sendo proposto, já que agora entende melhor a razão disso;
- Olhar além da nutrição: há muitas questões que transpassam as alimentares e podem impedir que o nutricionista dê continuidade em seu trabalho. É essencial que o profissional tenha essa percepção e consiga realizar o encaminhamento necessário (psicólogo, educador físico, etc).
A postura tradicional de autoridade adotada por muitos profissionais de saúde pode, na verdade, aumentar a resistência nos processos de mudança de comportamento.
Desenvolver uma nova percepção não é um caminho fácil, mas ele é possível de ser trilhado e pode auxiliar muito no trabalho do nutricionista!
Até mais!
Referências
- DUNKER, K.; ALVARENGA, M.; TIMERMAN, F.; VICENTE, C.; TEIXEIRA, P. Fundamentos e técnicas da entrevista motivacional para Nutrição in Comportamento Alimentar. p. 201-225, 2020.
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