Durante a gestação há intensas mudanças fisiológicas, anatômicas e metabólicas. Para manter a saúde da pessoa gestante é preciso se atentar ao risco de deficiências nutricionais, à manutenção do peso e ao desenvolvimento de certas doenças (diabetes mellitus gestacional, transtornos alimentares, anemia, verminoses, etc.)
Além disso, todo o desenvolvimento fetal depende do estado e consumo nutricional da gestante. Por isso, a importância de se atentar, ainda mais, à nutrição durante esse período (1).
Inclusive, já citamos vários cuidados em postagens anteriores:
Cuidado Nutricional e Suplementação na Gestação
Gestações Gemelares e Nutrição
Orientações Práticas para a amamentação
No entanto, há necessidades distintas durante os meses da gestação. Quais são os principais cuidados a cada trimestre?
1º Trimestre
Durante as primeiras 13 semanas o corpo se adapta para gerar outra vida. Há mudanças que são individuais, pois dependem muito de como cada gestante está encarando esse momento. Há aumento dos seios, mais sono e fome, mas muitos enjoos e mais cansaço.
Para melhorar os sintomas de náuseas é preciso evitar longos períodos em jejum, consumir alimentos mais secos e frutas, a adição de gengibre em preparos auxilia também. Pode haver recusa de determinados alimentos, isso é natural.
Mudanças na alimentação são essenciais, tanto no consumo adequado de certos nutrientes (vitaminas do complexo B, vitamina D, ferro, cálcio, zinco, ômega 3, fibras); como na restrição de determinados alimentos e ingredientes (edulcorantes artificiais, álcool, café, chá verde ou preto, carnes cruas).
Com todas as alterações fisiológicas a necessidade energética também se altera. Mas, no primeiro trimestre ainda é muito similar ao período em que não se estava gestando. Por isso, geralmente, ainda não há necessidade de aumentar a ingesta calórica.
A realização de exames laboratoriais nesse período é importante para identificar carências nutricionais e ajustes de micronutrientes. Quanto aos macronutrientes há maior necessidade de ingestão de proteínas (60g/dia, ou 1.1g proteína/kg/dia).
2º Trimestre
Entre a 14ª e 27ª semana os desconfortos iniciais (náusea, cansaço, etc.) tendem a desaparecer. Há um crescimento acelerado do feto, com a formação não só de órgãos, mas até mesmo de cílios e sobrancelhas.
Já é indicado aumentar a ingestão diária em 340 kcal. Lembrando que essa é uma indicação genérica, que deve ser ajustada e individualizada a partir da idade, índice de massa corporal (IMC) e nível de atividade.
O maior fracionamento das refeições auxilia tanto no consumo adequado de nutrientes, como também na redução de sintomas como estufamento ou enjoos. Não ingerir líquidos com as refeições evita azia e refluxo.
3º Trimestre
A partir da 28ª semana há aumento do desconforto, pois o espaço vai se tornando cada vez menor com o crescimento do bebê que ganha peso e atinge o tamanho final para o nascimento.
No fim da gestação a indicação é de um acréscimo médio de 452 kcal/dia, mas deve ser individualizada de acordo com as necessidades e limitações de cada gestante (idade, peso, nível de atividade).
A suplementação de ácido fólico e sulfato ferroso ainda é mantida e pode ser recomendada até o terceiro mês do pós-parto.
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Michelle A. Kominiarek; Priya Rajan. Nutrition Recommendations in Pregnancy and Lactation. Med Clin North Am. 2016, november; 100(6): 1199–1215. Doi: 10.1016/j.mcna.2016.06.004
Ministério da Saúde. Caderneta da Gestante. Edição eletrônica, 2014. Brasília. https://www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/crianca_feliz/Treinamento_Multiplicadores_Coordenadores/Caderneta-Gest-Internet(1).pdf