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Doença Celíaca e Níquel: qual é a relação?

A Doença Celíaca é uma desordem autoimune desencadeada pelo consumo de glúten, responsável pela condição inflamatória crônica intestinal em indivíduos geneticamente susceptíveis, que apresentam resultados positivos para o Antígeno Leucocitário Humano (HLA) DQ2 e/ou DQ8 (1). 

As principais manifestações após o consumo do glúten são gastrointestinais, como distensão abdominal, dor abdominal, diarreia e constipação. O tratamento requer uma dieta isenta de glúten e que evite o risco de contaminação cruzada. Por isso, o papel do nutricionista no tratamento é essencial.

No entanto, há quadros em que o paciente com doença celíaca segue apresentando queixas intestinais, mesmo após as restrições alimentares. O que fazer? 

Além de avaliar outras hipersensibilidades, há outras duas alternativas – avaliar e ajustar o consumo de:

Alimentos ricos em níquel

Há condições clínicas que apresentam sintomas gastrointestinais semelhantes com a doença celíaca e a síndrome do intestino irritável, como a síndrome de alergia sistêmica ao níquel (2,3).

O interessante é que muitos alimentos sem glúten contém alto teor de níquel e, assim, a sensibilidade ao níquel pode exacerbar os sintomas em indivíduos predispostos, principalmente se houver um consumo a longo prazo. São esses:

  • FRUTAS: banana, pêssego, uva, abacaxi, figo, morango, cacau, pera e cereja. 
  • VEGETAIS: alface, couve-manteiga, espinafre, tomate, aspargos, cebola, salsão, cenoura e vagem. 
  • CEREAIS E TUBÉRCULOS: batata, milho, aveia, e trigo sarraceno.
  • LEGUMINOSAS E OLEAGINOSAS: grão-de-bico, lentilha, ervilha, feijão, soja e amendoim.
  • PESCADOS/FRUTOS DO MAR: bacalhau, linguado, cavalinha, sardinha, marisco, camarão, lagosta, ostra e arenque.
  • OUTROS: alimentos enlatados, vinagre, ketchup, vinho tinto, café e chás.

A variabilidade de concentração de níquel nos alimentos é alta. Depende do tipo de solo, espécies de plantas, água de irrigação, fertilizantes e pesticidas. Assim, por ser impossível sua eliminação total da dieta, a recomendação é de evitar os alimentos com alto teor estimado de Ni (Ni> 100 μg / kg).

Alimentos ricos em FODMAPs

Nesse caso, uma dieta pobre em polióis e oligo -, di- e monossacarídeos fermentáveis (FODMAPs) pode amenizar os sintomas gastrointestinais. Principalmente por esses alimentos serem responsáveis por uma maior fermentação intestinal, podendo causar distensão, gases e outros sintomas semelhantes.

  • FRUTAS: maçã, cereja, abacate, banana, manga, pêssego, pera, melancia, nectarina, ameixa. 
  • CEREAIS E TUBÉRCULOS: amaranto, trigo, centeio, arroz, centeio, quinoa.
  • FRUTAS: maçã, cereja, abacate, banana, manga e coco.
  • LEGUMINOSAS E OLEAGINOSAS: ervilhas, feijões, pistache, castanha de caju.
  • VEGETAIS: abóbora; aspargos, alcachofra, cebola, alho, beterraba, couve, aipo.
  • OUTROS: mel, cevada, adoçantes, inulina, café instantâneo e chá de camomila.

Curiosidade: os números são maiores para o sexo feminino, tanto para a doença celíaca (3:1 (mulher/homem) quanto para a hipersensibilidade ao níquel (15 a 20%).

Outras referências: 

Borghini, R. Efeitos benéficos de uma dieta com baixo teor de níquel na recidiva de sintomas semelhantes ao IBS e extra intestinais em pacientes celíacos durante uma dieta sem glúten adequada: Mucosite de contato alérgica com níquel na suspeita de doença celíaca não responsiva. Nutrients 2020 , 12 (8), 2277.

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