Na prática clínica a atualização é imprescindível, principalmente para se obter resultados seguros e eficazes. Acompanhar as mudanças de posicionamento da comunidade científica é uma ótima estratégia.
Na suplementação nutricional muitas orientações passam por mudanças ao longo dos anos; algo que era promissor passa a não ser interessante, e vice e versa. Por isso, a importância de se manter atualizado.
A creatina é um suplemento utilizado, em geral, por praticantes de atividade física com o objetivo de otimizar o ganho de massa muscular. Entretanto, outras finalidades também estão sendo estudadas e aplicadas. Inclusive, já escrevemos sobre esse tema aqui!
No texto de hoje, o resumo de um artigo publicado na Nutrients. Os autores avaliaram as evidências disponíveis sobre a creatina, quais são os riscos, benefícios e a melhor forma de suplementar.
Introdução
A creatina é um dos suplementos dietéticos mais populares, o seu consumo oral melhora o conteúdo de creatina muscular; sendo utilizado por indivíduos que desejam melhorar o desempenho em atividades esportivas, ou os sintomas de condições clínicas (doenças reumáticas, neurodegenerativas e metabólicas).
Ao longo dos anos, preocupações surgiram com o uso de creatina, principalmente quanto a possibilidade de danos renais. No estudo a seguir, os possíveis riscos ou impactos da suplementação para a saúde foram discutidos, além de também sugerir recomendações seguras para o seu uso.
Resultados e Discussão
A creatinina sérica, produto final do metabolismo da cretina, em geral é o parâmetro mais utilizado para avaliar a função renal, como também para estimar a taxa de filtração glomerular.
O uso crônico de creatina interfere nos níveis de creatinina, por exemplo, esse é um cuidado necessário para não gerar falha na interpretação de exames e diagnósticos
Assim, múltiplos marcadores (hematúria, albuminúria, proteinúria, etc) devem sempre ser avaliados, ao invés de associar o aumento de um parâmetro, a creatinina, com a possibilidade de disfunção renal.
A revisão científica em questão também analisa as evidências disponíveis em três diferentes níveis: em estudos com modelos animais, em estudos de caso e em estudos controlados.
Ainda existem lacunas quanto aos possíveis efeitos para a função renal no longo prazo, poucos estudos com temporalidade superior a 16 semanas, por exemplo. Assim, algumas recomendações podem possibilitar um uso mais seguro da creatina:
- Utilizar até 20g por dia, de forma racionada;
- Abster-se do uso em caso de doença renal pré-existente ou condição clínica que induz à baixa filtração glomerular;
- Monitorar a função renal de indivíduos que fazem o uso por longo prazo e são idosos ou apresentam condições clínicas agravadas.
- Ter cautela ao indicar produtos com novas formulações;
- Os suplementos devem ter nível de pureza atestado e livre de contaminantes.
Conclusão
A creatina é um dos suplementos mais consumidos ao redor do mundo. Apesar dos questionamentos ainda existentes sobre a sua segurança, os resultados de ensaios clínicos não corroboram com tal preocupação.
A suplementação pode aumentar a creatinina sérica de alguns indivíduos, mas esse fator não deve ser considerado isoladamente como indicativo para disfunção clínica. É contraindicada para aqueles com doenças renais pré-existentes, ou com risco de diminuição da taxa de filtração glomerular por condições clínicas, genéticas ou etárias.
Na escolha do produto, os consumidores devem priorizar marcas devidamente testadas e com certificado de pureza, evitando riscos à saúde associados com possíveis contaminantes.
Confira o artigo na íntegra aqui: https://www.mdpi.com/2072-6643/15/6/1466
Até mais!