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Nova diretriz sobre dislipidemias e prevenção da aterosclerose

A principal causa de morte em todo o mundo é a doença cardiovascular aterosclerótica (DCVA). É essencial que diretrizes sejam atualizadas à realidade do país, assim os profissionais da saúde podem melhorar o diagnóstico precoce, a prevenção e o tratamento.

A aterosclerose é uma doença crônica, silenciosa e progressiva, que pode surgir já na primeira década de vida. Por isso, há oportunidades de intervenção e prevenção ao longo da vida. A diretriz atual divide a recomendação dessa forma, da infância à terceira idade; além de indicar diferenças no tratamento para populações específicas.

Sobre o diagnóstico, a avaliação laboratorial considera os parâmetros lipídios e das apolipoproteínas. A diretriz descreve aspectos essenciais para que os laboratórios adequem seus protocolos e garantam resultados confiáveis. Os valores referenciais e de alvo terapêutico do perfil lipídico são diferentes, dependendo se houve jejum prévio da coleta (12 horas) ou sem jejum.

A estratificação do risco cardiovascular é a base para a tomada de decisão clínica na prevenção da doença cardiovascular. A diretriz recomenda que o risco cardiovascular aterosclerótico seja categorizado em baixo, intermediário, alto, muito alto e extremo. Os parâmetros laboratoriais para cada marcador também variam.

A redução dos níveis de colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) tem sido o principal alvo terapêutico para prevenir o desenvolvimento da aterosclerose. Os níveis esperados dependem da categoria de risco do paciente, como demonstrado na figura acima.

A concentração sérica de triglicerídeos (TG) é um marcador de risco residual aterosclerótico. Níveis séricos ≥ 150 mg/dL em jejum, ou ≥ 175 mg/dL no estado pós-prandial, são considerados anormais. A meta terapêutica consiste em manter níveis séricos abaixo desses limites.

A dosagem dos níveis séricos de apolipoproteína B (ApoB) também é um marcador para o risco cardiovascular, pois reflete o número total de partículas aterogênicas plasmáticas, já que cada partícula lipoproteica potencialmente aterogênica presente na circulação (LDL, VLDL, etc.) contém exatamente uma molécula de ApoB.

No tratamento farmacológico as estatinas são a classe de medicamento mais comuns, apresentam eficácia comprovada na redução dos níveis de LDL-c e na prevenção de eventos cardiovasculares. Foi observado aumento da glicemia, maior risco de início de DM tipo 2 e da hemoglobina glicada (HbA1c) com o uso, mas esse é um risco para quem faz o uso em doses elevadas, em idosos e em indivíduos com fatores de risco para diabetes.

No entanto, existe a estimativa de 1 novo caso de diabetes, para cada 255 pessoas tratadas com estatinas por um período de 4 anos. Ou seja, fica claro que a redução absoluta do risco de DCV nesses pacientes supera os possíveis efeitos adversos de um pequeno aumento na incidência de diabetes.

Quanto ao tratamento não farmacológico, existem algumas intervenções nutricionais propostas:

Existem suplementos e alimentos funcionais com nível de evidência moderada para a redução dos níveis de LDL-c, são eles: arroz de levedura vermelha, fitoesteróis e probióticos. Chá verde, gergelim e proteína de soja também são estudados. Já o óleo de peixe (EPA/DHA) exerce impacto na redução dos níveis de TG.

Além disso, também é recomendado:

  • Cessação do tabagismo: o risco de doenças cardiovasculares é cinco vezes maior em fumantes;
  • Controle de peso: perder entre 8 e 10%, em casos de obesidade, leva à redução de 5-10 mg/dL nos níveis de LDL-c, de 20-30 mg/dL em TG e um aumento de 3-5 mg/dL em HDL-c;
  • Espiritualidade: promove melhor enfrentamento de doenças e menor prevalência de hábitos inadequados;
  • Prática de atividade física: 150 minutos de intensidade moderada, ou 75 minutos de intensa, por semana;
  • Limitar o consumo de bebidas alcoólicas: 100 g por semana, para homens ou mulheres.

Reconhecendo a aterosclerose como um processo progressivo que começa cedo, a nova diretriz propõe um modelo mais contínuo e integrado de cuidado, com potencial de transformar a prática clínica e reduzir de forma significativa o risco cardiovascular da população brasileira.

A diretriz destaca que algumas populações exigem atenção diferenciada no manejo do risco cardiovascular. Entre elas estão pessoas com insuficiência cardíaca, HIV, diabetes, doença renal crônica, hipotireoidismo, obesidade e doenças hepáticas crônicas, além de transplantados e indivíduos com doenças imunomediadas.

Crianças, idosos, gestantes e mulheres com alterações específicas do ciclo reprodutivo também requerem abordagem individualizada, por conta das particularidades metabólicas em cada caso.

Reconhecer essas especificidades é essencial para ampliar a efetividade das intervenções e reduzir o risco ao longo do curso de vida. Por isso, confira o documento na íntegra: https://abccardiol.org/article/diretriz-brasileira-de-dislipidemias-e-prevencao-da-aterosclerose-2025/

Até mais!

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