Introdução
A comparação com outras pessoas é um comportamento comum devido a necessidade humana de autoavaliação. Mas, dependendo da intensidade e frequência pode gerar diversos afetos negativos. Nos últimos anos o tema se tornou mais relevante devido o crescimento das mídias sociais e as consequências sociais e psíquicas observadas.
Com o crescimento das mídias sociais o comportamento de comparação ocorre em maior frequência e intensidade, já que as pessoas possuem acesso aos conteúdos que estimulam isso com mais facilidade, via celular, por exemplo.
Diversas pesquisas já demonstraram que o uso das mídias sociais é particularmente prejudicial à imagem corporal e a sintomas relacionados a transtornos alimentares.
No entanto, são as plataformas que apresentam uso predominante de imagens e vídeos que exercem maior impacto negativo sobre as impressões corporais, do que mídias sociais mais texto, por exemplo.
Também é importante entender que mulheres são mais expostas a imagens idealizadas e experienciam pressões estéticas mais intensas do que os homens.
A revisão sistemática em questão sintetizou os dados referentes à associação entre a comparação social nas redes sociais, as preocupações com a imagem corporal e os sintomas de transtornos alimentares nesse contexto.
Resultados e Discussão
Entre os 1122 estudos encontrados sobre o tema, apenas 82 atenderam aos critérios de inclusão e foram utilizados nessa análise. A amostra foi abrangente, 55.440 participantes, sendo mais de 80% do sexo feminino e com idade inferior a 36 anos.
A correlação entre maior comparação social online e maiores preocupações com a imagem corporal foi significativa, assim como a correlação entre maior comparação social e sintomas de transtornos alimentares. A associação média entre maior comparação social e menor imagem corporal positiva também foi significativa.
No entanto, o estudo não analisou causalidade. Ou seja, não é possível afirmar se a maior tendência à comparação social resulta em maiores preocupações com a imagem corporal, comportamentos alimentares disfuncionais e menor imagem corporal positiva, ou se preocupações pré-existentes com a imagem corporal e comportamentos alimentares disfuncionais levam a uma tendência aumentada à comparação social em mídias sociais.
Tampouco foi possível excluir a influência de outras variáveis que podem impactar na associação em questão. Por fim, a alta representação de mulheres e jovens na maioria dos estudos torna incerto se os efeitos de comparação social online podem variar em amostras mais velhas, do sexo masculino ou de gêneros diversos.
Conclusão
Os resultados desta meta-análise sugerem que a associação analisada (maior comparação social online x maiores preocupações com a imagem corporal e comportamentos alimentares disfuncionais) apresenta força moderada.
Foram identificadas variáveis importantes que atuaram como moderadores, como: a qualidade dos estudos, tipo de rede social utilizada, país do estudo, tipo de comparação social observada e percentual de participantes do sexo feminino.
Apesar da importância da revisão atual, ainda são necessárias pesquisas futuras que considerem os diferentes usos nas mídias sociais, bem como características individuais que possam alterar as relações bidirecionais entre uso de redes sociais, imagem corporal e sintomas de transtornos alimentares.
Confira o artigo na íntegra: https://doi.org/10.1016/j.bodyim.2024.101841
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