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Abril Azul – Nutrição e Autismo?

Abril começa com um marco, no segundo dia do mês, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. O propósito da Organização das Nações Unidas (ONU) com a criação da data foi atrair mais atenção da população para essa temática (1). Durante todo o mês diversas ações da campanha “Abril Azul” também acontecem. 

No autismo, ou seja, no transtorno do espectro autista (TEA) há alterações do desenvolvimento neurológico. Não há características físicas ou comportamentais únicas, e sim uma série de condições atípicas em cada caso, por isso o diagnóstico e tratamento podem ser tão complexos (2,3). 

No ano de 2012, a lei brasileira de n. 12.764/2012 instituiu a política nacional de proteção dos direitos da pessoa com transtorno do espectro autista. No artigo terceiro da mesma, é garantido o atendimento multiprofissional e atenção nutricional adequada, assim como acesso à terapia nutricional. 

Afinal, qual deve ser a atenção nutricional com pessoas com TEA?

  • Evitar falas/atitudes capacitistas: quando há pouco conhecimento sobre a condição apresentada, falas ou atitudes podem expressar a ideia de que pessoas com autismo são incapazes (7). Destaque para algumas orientações:

“A pessoa autista é uma pessoa com TEA. Lembre-se de evitar dizer que uma pessoa é portadora de autismo, pois o autismo não é algo que ela possa deixar de portar, mas faz parte dela (…) autismo não é apenas um diagnóstico, mas também uma característica. Sem o autismo, a pessoa autista não existiria. Esta regra vale também para outras deficiências. O autismo é considerado um espectro porque, em cada pessoa, o transtorno se manifesta de maneira específica (…) cada autista é único.”

  • Alimentação seletiva: pode haver aversão para certos alimentos, ou restrições por intolerância/alergia, resultando na carência do consumo de fibras, ômega 3, ferro, cálcio, zinco, cobre e vitaminas D, A, e C (4);
  • Alterações gastrointestinais: há maior recorrência de refluxo, dor abdominal, diarreia, constipação e alterações de permeabilidade na microbiota intestinal. Por isso, há benefício do uso de probióticos melhora dos sintomas e modulação de substâncias como serotonina, melatonina e acetilcolina (5,6);
  • Estado nutricional e suplementação: monitorar exames bioquímicos para avaliar a necessidade de suplementação vitamínica. Não apenas pelo consumo, muitas vezes, limitado de nutrientes, mas também pelo maior potencial de estresse oxidativo e capacidade reduzida de transporte de energia (4);
  • Estratégias alimentares e nutricionais: há impacto no consumo alimentar pela seletividade/aversão por cores, texturas, cheiros, temperatura, sabor e modos de preparo dos alimentos. O uso estratégico de aminoácidos como cisteína e metionina, além de ácido fólico, vitamina B6 e B12, pode ser interessante; pois são nutrientes essenciais para a síntese de glutationa (GSH) e de S-adenosilmetionina (SAM) (4); 

Condutas dietéticas especiais para TEA, como a dieta sem glúten ou caseína (GFCF), dieta dos carboidratos específicos (SCD), dieta mediterrânea e dieta cetogênica ainda apresentam resultados conflitantes entre si e diversas limitações científicas (8).

O principal cuidado a ser adotado é que as mudanças comportamentais no TEA, como a seletividade alimentar, não causem impacto negativo no estado nutricional. Por isso, é essencial que o nutricionista esteja inserido em uma equipe multiprofissional, ou em contato com aqueles que realizam o acompanhamento clínico.

Materiais Complementares 

  • A associação Autismo e Realidade disponibiliza diversas cartilhas educacionais, acesse aqui.
  • O Canal Autismo também apresenta diversos materiais gratuitos, acesse aqui

Até mais,

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