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Cuidado Nutricional: Sarcopenia

Sarcopenia é uma condição caracterizada pela perda progressiva de massa e função muscular (1). Atinge a maioria dos idosos, mas pode acontecer mais cedo na vida, principalmente nas mulheres, durante ou após o período da menopausa (2). 

O tema ganhou muita relevância na prática clínica, principalmente pelo aumento do risco para outras complicações e o impacto que gera na qualidade de vida. Em 2016, a sarcopenia foi reconhecida na Classificação Internacional de Doenças (CID) (4). 

A prevalência da sarcopenia varia entre os estudos realizados, a depender do método ou ponto de corte que foram considerados. No entanto, a média é de 10 a 16% entre os idosos (1).

Fatores de risco 

  • Estilo de vida: obesidade e gordura visceral, inatividade física, desnutrição, tabagismo e sono desregulado; 
  • Condições preexistentes: diabetes, osteoporose, depressão, anorexia, doenças cardiovasculares ou respiratórias, Doença de Parkinson e outras condições neurodegenerativas; 
  • Biológicos: marcadores inflamatórios, níveis de colesterol, vitamina D, adiponectina e a microbiota intestinal (1).

Consequências/aumento do risco: 

  • Pacientes: maior tempo de internação, complicações e infecções pós-operatórias, mortalidade no curto ou longo prazo; 
  • Não pacientes: hospitalização, institucionalização, disfagia, depressão, hipertensão, fibrose hepática, doença hepática gordurosa não alcoólica, síndrome metabólica, diabetes, declínio das funções motoras e cognitivas, maior risco de osteoporose, queda e fratura (1). 

Qual o papel da nutrição?

Há poucos estudos que traçaram um perfil longitudinal do consumo alimentar em indivíduos que desenvolveram sarcopenia. A maioria dos achados são revisões sistemáticas, estudos observacionais ou intervenções, que buscaram avaliar quais fatores minimizam ou previnem as consequências/riscos da sarcopenia (3). 

O “público-alvo” nos estudos que aplicam mudanças alimentares para promover melhor manutenção e função da massa muscular são pessoas com menos de 70 anos, justamente visando a prevenção (3). 

O estado nutricional e o consumo alimentar impactam diretamente na regulação da síntese e manutenção muscular. Além disso, existem nutrientes que precisam ser consumidos para a saúde muscular e óssea. Por isso, uma dieta nutricionalmente adequada é essencial, principalmente para a prevenção da sarcopenia (4). 

Conclusões 

  • Proteína: consumir fontes alimentares com aminoácidos essenciais, ricas principalmente em leucina (2,5 – 2,8 g por refeição); priorizar o consumo diário de 1 – 1,2 g/kg para pessoas saudáveis, ou 1,2 – 1,5 g/kg com doenças crônicas, complicações físicas, hospitalizadas ou mal nutridas (4,5);
  • Vitamina D: manter níveis de 40 a 60 ng/mL, no caso de suplementação há indicação de 800 – 1,000 UI/dia (5);
  • Minerais: consumir 300 mg/dia de magnésio para homens e 270 mg/dia para mulheres; já cálcio 1.000 – 1.200 mg/dia; selênio 25 – 75 μg/dia (5); além de fósforo, potássio, zinco (4);
  • Nutrientes antioxidantes: é adequado >500 mg de polifenois (5), consumindo fontes alimentares de carotenoides, licopeno zeaxantina, luteína; além de vitamina E (400 UI/dia e vitamina C (45 to 90 mg/dia);
  • Creatina: é preciso avaliar questões individuais, pois não há consenso de consumo e estudos longitudinais em população idosa. No entanto, é uma possibilidade para indivíduos que praticam atividades como musculação (~5g/dia) (5); 
  • HMB: é um metabólito da leucina, o seu consumo (3g/dia) apresentou indícios benéficos para indivíduos acima de 65 anos, principalmente acamados ou sem treinamento físico; no entanto, ainda há inconsistências sobre a recomendação dessa suplementação (5); 
  • Atividade física: Prática de fortalecimento muscular e atividade aeróbia – 150 min. intensidade moderada, ou 75 min de intensidade vigorosa (4); 
  • Hidratação adequada: há maior risco de desidratação em idosos, mas não há recomendações específicas para sarcopenia. Seguir o consenso de consumo médio de 3 litros para mulheres e 4 litros para homens, sempre considerando condições individuais que podem aumentar ou reduzir tal consumo (4). 

Até mais! 

Referências 

  1. YUAN, S.; LARSSON, S. C. Epidemiology of sarcopenia: Prevalence, risk factors, and consequences. Metabolism, vol. 144, 2023. Disponível:  https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36907247/ 
  1. LU, L.; TIAN, L. Postmenopausal osteoporosis coexisting with sarcopenia: the role and mechanisms of estrogen. Journal of Endocrinology, vol. 259, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1530/JOE-23-0116 
  1. ROBINSON, S. et al. The role of nutrition in the prevention of sarcopenia. Am J Clin Nutr., vol. 118, pg. 852-864, 2023. Disponível em:  https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37657521/ 
  1. CALVANI, R. et al. Diet for the prevention and management of sarcopenia. Metabolism, vol. 146, 2023. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/37352971/
  1. LIU, S.; ZHANG, L.; LI, S. Advances in nutritional supplementation for sarcopenia management. Front. Nutr. Clinical Nutrition, vol. 10, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.3389/fnut.2023.1189522 

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