O aleitamento materno exclusivo durante os primeiros seis meses de vida é uma orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Também é recomendado que a amamentação seja continuada até os dois anos de idade, em conjunto com uma alimentação sólida complementar.
No entanto, essa não é uma realidade absoluta. Muitos bebês são alimentados com bebidas lácteas alternativas, como fórmulas infantis ou produtos lácteos de animais não exclusivos da alimentação infantil.
A revisão sistemática em questão teve o objetivo de reunir e analisar os efeitos para a saúde da criança ao comparar o consumo de leite animal com a fórmula infantil; considerando uma amostra entre 6 e 11 meses de idade que não recebia leite materno ou era alimentada de forma mista.
Materiais e Métodos
A pesquisa foi realizada em diversas bases de dados, incluindo ensaios clínicos randomizados (ECR) e estudos observacionais com grupo controle. Foram excluídos estudos de caso-controle, séries de casos e relatos de casos.
Resultados e Discussão
Nove estudos foram incluídos na presente revisão com uma amostra total de 2.536 indivíduos. Quatro foram ensaios clínicos randomizados e cinco de coorte observacionais.
Todos os estudos utilizaram como leite animal o leite de vaca, assim, os resultados dessa revisão não podem ser generalizados para outros leite de outros animais. Houve variabilidade na composição das fórmulas infantis apresentadas.
O uso de leite de vaca comparado ao leite artificial em bebês de 6 a 11 meses de idade em bebês amamentados/alimentados de forma mista parece aumentar o risco de anemia.
É necessário considerar que a fórmula infantil não é um produto acessível para todos em países de baixa e média renda, por isso, o leite de vaca é utilizado como alternativa.
Estratégias para reduzir o risco de anemia em bebês nessa faixa etária que não são amamentados, como a utilização de alimentos complementares fortificados, devem ser estudadas.
Já que o número de artigos incluídos na revisão sistemática foi baixo, os resultados encontrados receberam uma classificação baixa ou muito baixa de evidência.
Conclusão
Manter uma alimentação de bebês, entre 6 a 11 meses de idade, com leite de vaca, em comparação com a fórmula infantil, aumenta o risco de anemia, incluindo anemia por deficiência de ferro, diminuição da hemoglobina e ferritina no sangue.
No entanto, não houve diferença relevante para peso corporal ou crescimento entre os bebês quando se comparou a alimentação por fórmula infantil ou leite de vaca.
Quanto ao neurodesenvolvimento e efeitos adversos, como diarréia e constipação, os dados são limitados e nenhuma conclusão foi determinada.
A maioria dos estudos utilizados como base para a revisão em questão foram realizados em países de alta renda. Por isso, estudos futuros são necessários em países de baixa e média renda.
Confira o artigo na íntegra aqui: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35276848/