Emagrecimento

MINDFUL EATING. UMA FERRAMENTA PARA ESTRATÉGIAS DE EMAGRECIMENTO.

Mindfulness é um termo amplo, usado para caracterizar uma série de práticas, processos e características relacionadas a capacidade de atenção, consciência, memória, aceitação e discernimento. Possui fundamento histórico no budismo, mas vem ganhando exponente popularidade na área da saúde, onde começou a ser utilizado inicialmente como suporte para o tratamento do estresse, mas atualmente faz parte do pacote de intervenções para o tratamento de diversas patologias, associadas de forma direta ou indireta a obesidade.  

Mindfulness é de forma geral, um estado de consciência, é estar presente no momento atual, é prestar atenção à experiências de forma intencional e sem julgamentos.  Esse conceito agrega processos internos e do ambiente, estar consciente do que é presente de forma mental, emocional e física, sem deixar com que pensamentos do passado ou do futuro tomem conta do presente. Essa técnica requer treinamento entre corpo e mente, e para mim seu principal benefício é possibilitar a mudança no relacionamento com as suas experiências, o modo como lida com elas.

Já o Mindful eating é a aplicação dos conceitos do mindfulness na alimentação, com o objetivo de tornar esse momento mais consciente, sair do automático, principalmente nos dias de hoje onde assumimos múltiplas tarefas, temos informações e distrações a todo instante e pressa para cumprir todos os afazeres em 24 horas.

Com essas mudanças no estilo de vida, o processo de alimentação vem mudando também, o tempo para preparar as refeições e consumi-las com calma e atenção é reduzido, as escolhas alimentares são baseadas em praticidade e conveniência, deixando a qualidade e sabor em segundo plano, e é exatamente o que o mindful eating quer resgatar.

Os principais conceitos do mindful eating englobam:

  • Se permitir aproveitar as oportunidades positivas e nutritivas que estão disponíveis através do processo de preparação e consumo alimentar
  • Escolher alimentos que sejam tanto prazerosos para o seu paladar quanto nutritivos para o seu corpo.
  • Reconhecer suas respostas em relação aos alimentos, se são neutros, gostosos ou não, sem julgamentos, apenas observar as reações e sentimentos.
  • Aprender a ter consciência da fome (real, física) e da saciedade, que irá te guiar para o ato de comer e parar de comer assim que se sentir saciado.

Como já mencionado, atualmente a técnica de comer com atenção plena tem sido utilizada para o tratamento de alguns transtornos alimentares e de patologias como a obesidade e todas as condições associadas à ela como esteatose hepática, dislipidemias, hipertrigliceridemia, diabetes melitus II, entre outras.

Estudos recentes com praticantes de mindfulness, encontraram mudanças em regiões específicas do cérebro que estão associadas com:  tomada de decisão, empatia, regulação das emoções e aumento da capacidade de estar atento o que reflete na produtividade e satisfação tanto pessoal como profissional. Além disso encontrou-se entre os participantes, menores índices de transtornos mentais, melhor auto-imagem e auto-confiança, níveis maiores de bom-humor, maior facilidade em se adaptar, mais maturidade e auto-suficiencia.

Outro estudo, realizado em 2010, que colocou em prática os conceitos do mindful eating em paciente obesos e demonstrou de forma significativa a diminuição no peso, desinibição alimentar, compulsão alimentar, depressão, estresse percebido, sintomas físicos, afeto negativo e proteína C-reativa.

            Para avaliar o nível de atenção com os hábitos alimentares, em 2009 foi criado o Mindful Eating Questionnaire (MEQ), que indicou quem pessoas com um índice de massa corporal (IMC) mais alto, apresentam uma alimentação menos consciente do que pessoas que praticam esportes, ioga e meditação e por isso possuem uma consciência corporal maior.

            Com todos esses dados podemos observar que o conceito de mindful eating pode ser uma ótima ferramenta para auxiliar as estratégias nutricionais relacionadas a redução de peso e das patologias associadas à obesidade.

Referências

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