A campanha do “Abril Azul” e o Dia Mundial da Conscientização do Autismo (02/04) são iniciativas que visam conceder mais atenção para essa temática. Pensando nisso, trouxemos um blog sobre o papel da nutrição no Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O autismo é classificado como um distúrbio do desenvolvimento neurológico que afeta a comunicação e interação social, além de poder comprometer o comportamento em diferentes graus. Como a condição atinge várias áreas da vida, a abordagem terapêutica deve sempre ter o cuidado multiprofissional em foco.
E qual o papel da nutrição e alimentação no TEA?
A orientação nutricional deve considerar as restrições e aversões alimentares, além de considerar as diferenças metabólicas associadas ao estado nutricional.
Há biomarcadores indicativos de insuficiência vitamínica, maior potencial de estresse oxidativo e capacidade reduzida de transporte de energia.
É importante sempre monitorar exames bioquímicos para avaliar a necessidade de suplementação nutricional. Há outros pontos a serem considerados e observados também:
- Estado nutricional: impactado por maior seletividade alimentar – aversão por cores, texturas, cheiros, temperatura, sabor e modos de preparo;
- Alimentação seletiva: risco de carência para fibras, ômega 3, ferro, cálcio, zinco, cobre e vitaminas D, A, e C;
- Consumo de nutrientes específicos: aminoácidos como cisteína e metionina, ácido fólico, vitamina B6 e B12 são essenciais para a síntese de glutationa (GSH) e de S-adenosilmetionina (SAM);
- Alterações gastrointestinais: maior recorrência de refluxo, dor abdominal, diarreia, constipação, e alterações de permeabilidade na microbiota intestinal;
- Suplementação de probióticos: quando realizada visa promover a melhora das alterações intestinais, regulação importante para a modulação de substâncias como serotonina, melatonina e acetilcolina.
Há estudos sobre a indicação de condutas dietéticas especiais para TEA, como a dieta sem glúten ou caseína (GFCF), dieta dos carboidratos específicos (SCD), dieta mediterrânea e dieta cetogênica. Porém, os mesmos ainda apresentam resultados bem conflitantes entre si e diversas limitações.
O principal cuidado a ser adotado é que mudanças comportamentais, como a seletividade alimentar, não impactem negativamente no estado nutricional. Por isso, é essencial que o nutricionista esteja inserido em uma equipe multiprofissional, ou em contato com aqueles que realizam o acompanhamento clínico.
O contato com o terapeuta ocupacional ou psicoterapeuta é válido para estabelecer estratégias de como introduzir ou estimular o consumo de determinados alimentos, por exemplo. Algumas podem incluir:
- Utilização de pratos com divisórias ou oferta dos alimentos de forma separada;
- Teste de diferentes formas de preparo, como alterando a textura ou os cortes;
- Não usar técnicas para “enganar” ou esconder alimentos durante as refeições.
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Até mais!
REFERÊNCIAS
- KARHU et al. Nutritional interventions for autism spectrum disorder. Nutrition Reviews, p. 1-17, 2019. https://doi.org/10.1093/nutrit/nuz092
- RISTORI et al. Autism, gastrointestinal symptoms and modulation of gut microbiota by nutritional interventions. Nutrients, v. 11, n. 11, p. 1-21, 2019. https://doi.org/10.3390/nu11112812
- SIVAMARUTHI et al. The role of microbiome, dietary supplements, and probiotics in autism spectrum disorder. Int. J. Environ. Res. Public Health, v. 17, pg. 1-16, 2020. https://doi.org/10.3390/ijerph17082647